Domingo, 30 de outubro de 2011, às 22 h, chegam à delegacia de Cabo Frio – RJ (126 ª DP), um rapaz de aproximadamente 26 anos, algemado e conduzido pela Polícia Militar. Foi detido ao ser flagrado com 04 pedras de crack e duas cápsulas de cocaína e não portava um só documento que o identificasse. Ao me ser apresentado, liguei para o Delegado de área e o escrivão que faria a autuação no art. 28 da Lei 11.343 e posteriormente seria liberado, por ser um viciado, segundo os Policiais que o prenderam. O rapaz estava aparentemente calmo. Até o momento em que solicitei seus documentos para sarqueá-lo.
(Este é o termo usado quando fazemos a pesquisa da vida pregressa de alguém para saber entre outras informações, se tem mandado de prisão em alguma comarca).
Não podemos de forma alguma liberar sem essa pesquisa. E para fazê-la eu precisava de seus documentos.
Ele me respondeu que não os portava. Perguntei onde estavam e me respondeu que estavam em casa. Foi quando informei que teríamos que ligar para um familiar dele e solicitar que trouxessem seus documentos. Só assim seria liberado após a consulta, caso não houvesse nada que impedisse. Neste momento transformou-se. Seu semblante tomou a forma de uma pessoa desesperada e dizia chorando:“Não... não... Por favor, não seu Polícia!
Se fizerem isso, meu pai vai saber e ele não pode saber. Será o meu fim! Já não tenho o apoio de meus familiares por usar drogas, e se meu pai souber estou arrasado.” Mais uma vez expliquei que eu não poderia liberá-lo sem a sua identificação e a pesquisa. Se não me trouxessem os documentos eu teria que mantê-lo detido até que fosse identificado.
Na verdade, embora eu sempre ouça dizer que o viciado é um doente... Uma vítima da omissão ou negligência das autoridades que não conseguem combater o tráfico de Drogas com eficácia; eu não consigo ver apenas por esse ângulo. Concordo que as autoridades tenham um percentual de culpa, quando não conseguem acabar com o comércio das drogas, que só propaga a morte e desgraças. Mas não é apenas o governo o culpado. Eu dividiria essa responsabilidade com as famílias que não sabem dizer NÃO a seus filhos, impondo limites e educando-os para que trilhem sempre pelo caminho do bem, respeitando seus limites, os limites da lei e do próximo.
De repente percebi que junto às drogas apresentadas, havia um celular. Ao perguntar a quem pertencia, ele disse ser dele. Perguntei então se não tinha um amigo para o qual pudesse ligar e pedir que buscasse os documentos. E ele não concordava. E chorando só dizia não poder fazer isso! Eu precisava fazer meu serviço e não podia mais esperar. Foi então quando pedi licença ao mesmo e vasculhei na agenda de seu telefone o telefone de seus pais ou algum parente. Enquanto eu fazia isso, ele chorando dizia assim:
(Este é o termo usado quando fazemos a pesquisa da vida pregressa de alguém para saber entre outras informações, se tem mandado de prisão em alguma comarca).
Não podemos de forma alguma liberar sem essa pesquisa. E para fazê-la eu precisava de seus documentos.
Ele me respondeu que não os portava. Perguntei onde estavam e me respondeu que estavam em casa. Foi quando informei que teríamos que ligar para um familiar dele e solicitar que trouxessem seus documentos. Só assim seria liberado após a consulta, caso não houvesse nada que impedisse. Neste momento transformou-se. Seu semblante tomou a forma de uma pessoa desesperada e dizia chorando:“Não... não... Por favor, não seu Polícia!
Se fizerem isso, meu pai vai saber e ele não pode saber. Será o meu fim! Já não tenho o apoio de meus familiares por usar drogas, e se meu pai souber estou arrasado.” Mais uma vez expliquei que eu não poderia liberá-lo sem a sua identificação e a pesquisa. Se não me trouxessem os documentos eu teria que mantê-lo detido até que fosse identificado.
Na verdade, embora eu sempre ouça dizer que o viciado é um doente... Uma vítima da omissão ou negligência das autoridades que não conseguem combater o tráfico de Drogas com eficácia; eu não consigo ver apenas por esse ângulo. Concordo que as autoridades tenham um percentual de culpa, quando não conseguem acabar com o comércio das drogas, que só propaga a morte e desgraças. Mas não é apenas o governo o culpado. Eu dividiria essa responsabilidade com as famílias que não sabem dizer NÃO a seus filhos, impondo limites e educando-os para que trilhem sempre pelo caminho do bem, respeitando seus limites, os limites da lei e do próximo.
De repente percebi que junto às drogas apresentadas, havia um celular. Ao perguntar a quem pertencia, ele disse ser dele. Perguntei então se não tinha um amigo para o qual pudesse ligar e pedir que buscasse os documentos. E ele não concordava. E chorando só dizia não poder fazer isso! Eu precisava fazer meu serviço e não podia mais esperar. Foi então quando pedi licença ao mesmo e vasculhei na agenda de seu telefone o telefone de seus pais ou algum parente. Enquanto eu fazia isso, ele chorando dizia assim:
“Pow cara!
Eu quero sair dessa, mas não consigo. Minha família já me deu as costas, não acreditam mais em mim. Meus verdadeiros amigos se afastaram. Estou sozinho cara! Eu não consigo! Esse crack é muito mais forte do que eu. Não é fácil cara!” Foi quando retruquei enquanto ligava para os números da agenda de seu celular. “Como mais forte que você? Se realmente quer, você consegue. E não precisa ser fácil. Basta ser possível!
Preste bem atenção rapaz: “Com o dinheiro que você compra as drogas, os traficantes compram armas possantes, cujas “Balas” matam inocentes, destroem lares, famílias inteiras e ainda tornam-se ousados a ponto de nos confrontarem” “Ou seja, você financia o Tráfico de drogas” “É você um dos responsáveis pela destruição de milhares de famílias e morte de inocentes.”. Talvez por eu ser policial e ele estar detido, apenas ouviu sem retrucar. Muito embora o que eu disse é o que creio, sei que não é fácil sair das drogas. Sei que não é apenas querer parar e pronto! Mas também sei que é possível quando se quer de fato. Sem dúvidas, precisará de ajuda! Eu estava cansado. Pois estava em meu segundo dia de serviço e a segunda noite sem dormir. Haja vista que noite anterior, ficamos todos acordados empenhados em uma ocorrência onde bandidos assassinaram um jovem que saia do seu serviço de motocicleta e no sinal exigiram que lhes entregassem a motocicleta. Cremos que não quis entregar ou ficou nervoso e foi baleado friamente com um tiro na axila, que atingiu seu coração. Esta atitude não só tirou uma vida, como também desestruturou uma família. Pois esse rapaz de apenas 30 anos, deixou a esposa e duas filhas menores. Ato praticado provavelmente por viciados em drogas. Que para manterem o vício, roubam e matam sem piedade. Respirei fundo e continuei. Rapaz vejo que tens mais vergonha de seu pai do que medo. Pois saiba que deves ter vergonha é de ser um viciado e não de pedir ajuda. Você precisa de ajuda, se quer realmente sair das drogas. Existem problemas que só dependem de nós a solução. E outros em que precisamos de auxílio. As drogas é um desses casos. Se você não pedir socorro, não conseguirá. Primeiro tem que querer de fato e depois solicitar apoio. E o apoio da família é essencial. Esta é à hora de você conversar com seu pai e pedir socorro. Caso contrário, só tem dois caminhos. Cadeia ou vala! Neste momento uma voz rouca e cansada atende ao telefone. Era o pai do rapaz. Comuniquei que seu filho estava detido e precisava que trouxessem seus documentos.Bom, se você está passando por isso, e quer realmente sair, peça ajuda! Se apegue a Deus, sua família e não desista nunca!
Pois não importa que seja difícil, basta ser possível!
Um abraço a todos do amigo
PEDRO CHAGAS
(Inspetor de Polícia civil do RJ).
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